terça-feira, 6 de julho de 2010

Ilegal, imoral ou engorda




“Quer fazer Deus rir? Conte a Ele seus planos para o futuro.”
Woody Allen

“Vivo condenado a fazer o que não quero
Então bem comportado às vezes eu me desespero
Se faço alguma coisa sempre alguém vem me dizer
Que isso ou aquilo não se deve fazer

Restam meus botões...
Já não sei mais o que é certo
E como vou saber
O que eu devo fazer
Que culpa tenho eu
Me diga amigo meu
Será que tudo o que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda

Há muito me perdi entre mil filosofias
Virei homem calado e até desconfiado
Procuro andar direito e ter os pés no chão
Mas certas coisas sempre me chamam atenção

Cá com meus botões...
Bolas eu não sou de ferro
Paro pra pensar
Mas não posso mudar
Que culpa tenho eu
Me diga amigo meu
Será que tudo que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda

Se eu conheço alguém num encontro casual
E tudo anda bem, num bate papo informal
Uma noite quente sugere desfrutar
Do meu terraço, a vista de frente pro mar
Mas a noite é uma criança
Delícias no café da manhã

Então o que fazer
Já não quero mais saber
Se como alguma coisa
Que não devo comer
Se tudo que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda”

Ilegal, imoral, ou engorda - Roberto Carlos / Erasmo Carlos


            Mariana tinha 30 anos de idade e sua vida estava estabilizada. Um emprego que gostava, um marido que amava e que lhe correspondia todo este amor, e, para completar a felicidade familiar, um bebê seria gerado. Depois de três anos casados,  eles chegaram à conclusão de que era o momento certo de dar mais este passo no grande esquema da existência. A mãe de Mariana já havia concordado em se mudar para perto da casa da filha, a fim de ajudar com o neto ainda não concebido. Era um futuro que se apresentava promissor, cheio de alegrias vindouras e muitas experiências novas a serem vividas.
            Em uma quarta-feira qualquer, a surpresa. Mariana estava trabalhando na escola em que dava aulas. Começam as dores de cabeça e, subitamente, vem um desmaio. A professora é levada às pressas ao hospital. Na quinta-feira ela não mais existia. Um aneurisma cerebral, irregularidade em uma artéria do cérebro, se rompeu. Um mal silencioso, súbito. A morte se aproximara, de mansinho, nas sombras, e ninguém notou.
            Existem milhares de “Marianas” no mundo. De um momento para o outro tem suas vidas ceifadas, ou severamente modificadas. Infartos fulminantes, acidentes de automóvel, balas perdidas, violência gratuíta, situações imprevisíveis, que podem nos tornar paraplégicos, tetraplégicos, vegetais, nos colocar em coma, nos matar...
            A vida é muito mais frágil do que nos damos conta; o futuro, muito mais incerto; e as verdades muito mais instáveis. Situações como esta nos fazem lembrar daquela máxima em latim “Carpe Diem”. Colha o instante, aproveite o dia, o momento. Não pense tanto, não se preocupe com pouca coisa, não faça tempestade em copo d’agua. Não faça hoje o que pode deixar para amanhã, e o que deixou de fazer ontem, aproveite agora.
            Tantas coisas frívolas ocupam nossas mentes no dia a dia...

            “Quantas calorias tem este sanduíche?”
            “Será que vou conseguir aquela promoção?”
            “Não tenho o que vestir!”
“Ele me ama? Eu o amo?”
            “Meu marido não me enxerga mais!”
            “Devo ou não devo?”
            “Meu cabelo está horrível!”
            “Minha namorada não me compreende!”
            “O que os outros vão pensar?”
            “Quero um carro novo!”

..................

            As queixas e as dúvidas não têm fim. É sempre aquela preocupação com o que é certo e errado, que é mais uma preocupação para com os outros do que para com si mesmos. Tomam a verdade como algo único, uniforme, atendendo a toda a gente simultaneamente. Mas não é assim que funciona. Cada caso é um caso. Cada vida, uma vida. Para cada pecado, uma absolvição.
            Não se pergunte as calorias do sanduíche. Se vai comê-lo, saboreie, e depois, dê um jeito de queimar as gordurinhas acumuladas. Não questione se ele te ama. Ame-o. Aproveite cada momento junto dele, e o que tiver de acontecer, acontecerá. Não se pergunte sobre o que os outros vão pensar. Ignore-os. O que quer que seja, logo será assunto antigo, deixado para trás. Já você ser verdadeiro consigo mesmo, isso você levará junto de si para o resto de sua frágil vida.
            Ficar triste e lamentar é natural, mas que não nos mantenhamos presos a estas lamúrias. Antes de ficar perdido em dilemas, viva a vida. Aja. Faça acontecer. Se tudo o que você gosta é ilegal, imoral ou engorda, ao menos de vez em quando ceda à tentação, se presenteie momentos de prazer, pois o futuro a Deus pertence, e sabe-se lá o que pretende fazer com ele...

Cristiane Neves

Um comentário:

  1. eu liiiiii, li tudoooooooooo!

    e esse seu texto me pareceu com o mesmo ar de mtos q já escrevi. Falar é fácil, mas nesse caso, tentar fazer o q vc escreveu é o mais certo.

    Bjo, Cris!

    Mah Guido.

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