terça-feira, 13 de abril de 2010

Era uma vez...



        Toda menina quando pequena assiste aos clássicos da Disney, baseados em histórias centenárias. Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida. Histórias em que as princesas em perigo são salvas por príncipes em cavalos brancos. Mesmo com Shrek mudando o modo de vermos os contos de fada, mesmo as princesas se tornando personagens mais fortes, como a Jasmim de Aladin, mesmo assim, um fato se mantem: o principe e a princesa superam todas as adversidades e ficam juntos no fim, felizes para sempre.
        Quando adolescentes mudamos um pouco nosso entretenimento. Não são mais desenhos animados, mas sim filmes de sessão da tarde e séries especificamente voltadas para os dramas da puberdade. Nos anos noventa eu tive Dawson’s Creek. Hoje acho que os jovens se voltam para Hannah Montana e Jonnas Brothers, não sei. O que sei é que, no fim, sempre temos a mesma mensagem de que os romances funcionam. Mesmo em Dawson’s, que eu citei, tudo bem que a Joey e o Dawson não ficaram juntos no final, mas ela terminou com o Pacey que, convenhamos, era muito mais interessante.
        Com este exemplo do Payce já começo a entrar em um assunto que quero discutir. Payce era o Bad Boy que um dia se apaixona pela mocinha e vê seu mundo de pernas para o ar. Por fim se transforma, assume o amor que sente, fica com a mocinha e todos vivem felizes para sempre.
        Dos desenhos animados da infância, para os seriados da adolescência, alcançamos, enfim, as comédias românticas ao entrarmos na vida adulta. Princesas em perigo e jovens mocinhas conhecendo as dores do primeiro amor se transformam em mulheres de sucesso sendo arrebatadas pelo cara errado. São estas ficções que se apresentam para que possamos fugir da mesmice do dia a dia.
        Hoje as comédias românticas são garantia de sucesso. Orçamento baixo, atores bonitos e carismaticos, roteiro engraçado e final feliz. A receita de alta bilheteria. Os Chick Flicks, como os americanos chamam, são voltados para as mulheres, milimetricamente engendrados para que possamos nos projetar e durante uma hora e meia, duas horas, viver uma "bela e divertida" história de amor.
        Nos emocionamos. Rimos das situações. Temos raiva da dupla que simplesmente não percebe que são perfeitos um para o outro. Prendemos a respiração naquele segundo antes do tão antecipado beijo. O close no rosto do casal, as bocas próximas mas ainda não se tocando, a música criando o clima do momento. E todo este tempo nossa respiração suspensa. Depois o alívio. Eles se beijaram. Vão ficar juntos. Viverão felizes para sempre. Fim.
        O problema é quando a tela escurece e os letreiros começam a subir. Nas inocentes animações de nossa infância acreditamos que magia existe, que fadas madrinhas são reais e podem nos visitar, e nunca questionamos o felizes para sempre. Na adolescência começamos a ter duvidas. As coisa não parecem acontecer como deveriam.
        Na idade adulta temos certeza. Nossos príncipes encantados não são mais cavaleiros montados em alazões com armaduras reluzentes. Nós queremos o Bad Boy com coração de ouro, mas agora sabemos a diferença entre realidade e o faz de conta. Quando as luzes do cinema se acedem e a catarse tem fim, a frustração chega em ondas. O príncipe não existe.


Cristiane Neves
27/09/09 – 23:22

3 comentários:

  1. Ahh Cris, o príncipe a gente q tem q classificar qdo encontramos uma pessoa especial. pessoa pode nao ter td q a gent quer, mas acaba se transformando no principe encantado... É o amor, rs.

    ResponderExcluir
  2. Cris, uma bela resenha cinematográfica! rs...

    Verdade... vc narrou e descreveu cronologicamente cada passo da evolução de nossas vidas diante dos anseios do 'amor'!

    ... O mais difícil disso tudo é PERCEBER que os príncipes encantados REALMENTE SÃO SAPOS - antes de tudo... - Que o 'felizes para sempre', se, e somente se, EXISTE: deve ser "no fim" - de nossas vidas... e que grande parte do enredo da vida não é constituído DE UM MAR DE ROSAS!!!

    Mas... tá bom... TAPETES VERMELHOS, CAVALOS BRANCOS E ARMADURAS... nunca fizeram MEU TIPO! kkkk...

    *Cris, vc me surpreende a cada texto... Gosto muito do jeito como escreve... e saio sempre daqui, com uma bagagem a mais!

    Grande beijo.

    ResponderExcluir
  3. Profundo... sinto até algum traço autobiográfico nesse texto

    ResponderExcluir