terça-feira, 19 de janeiro de 2010

S+E





Quando estava no colégio, adorava a aula de português, mas tinha uma  única coisa que eu odiava: a tal da análise sintática! E a palavra que mais complicava a minha vida sempre foi o maldito, ou melhor, mal escrito “se”. Como podem atribuir tantas funções a uma palavrinha tão pequenininha? Era um tal de “índice de indeterminação do sujeito”, “pronome apassivador”, “partícula expletiva” ou sei lá mais o que, que nem me lembro.
          Agora na faculdade, pensei que não me preocuparia mais com o “se”. Não me pediriam sua função sintática então não precisaria mais pensar nesta palavra. Vã esperança. Mais do que nunca penso nesse monossílabo que só atrasa a nossa vida.
          O “se” nos prende a um tempo que não nos pertence. Nos perdemos em lamentações sobre o que poderíamos ter feito, o que poderia ter sido. Quando não é isso, são considerações sobre o que poderia vir a ser. O medo do futuro representado pelo “se” reprime nossas ações.
          E quando falamos o “se pelo menos...”? Essa expressão revela uma total desilusão, onde você se encontra em uma situação tão ruim que aceitaria uma migalha de seu desejo real com grande prazer. Mas nem essa migalha você tem.
          E ao invés de agir em busca do que se quer, você se deixa consumir pelos “ses”.
          Tomarei agora a liberdade de usar essa conjunção subordinativa condicional para dizer que se o homem pudesse esquecer o “se”, se o homem pudesse parar de pensar no imutável e no que ainda nem aconteceu, poderia aproveitar melhor a vida, vivendo o presente, fazendo o que realmente quer e precisa para ser feliz.




Cristiane Neves
2003


Um comentário:

  1. kkkkkkkkk... 2003? Facul de jornalismo... disciplina: português V hahahahaha... adorei!

    Pois eh né, e se ao invés de nos deixarmos consumir pelos "ses", agissemos com mais confiança?!

    Isso q me falta, mas toh correndo atrás, rs...

    :)

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